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Medronheiro: Utilizações e Potencialidades

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O MEDRONHEIRO (Arbutus unedo L.) é uma espécie originária da região mediterrânica e, como tal, bem adaptada ao nosso clima. Exemplo disso é a distribuição natural que apresenta por todo o país, especialmente na região do Algarve e Centro.

 

Figura: Pomar de medronheiros

 

O medronheiro é uma planta com folha perene e de porte arbustivo, cuja a altura varia, normalmente, entre 1 a 4 metros, podendo, contudo, atingir alturas de 10 a 12 metros. Esta cultura tem particularidades interessantes no seu ciclo que se caracteriza por ser particularmente longo, já que decorre cerca de um ano desde a floração à colheita do fruto resultante. No entanto, em simultâneo com a floração, é frequente ter fruto em diferentes estados de maturação resultantes da floração do ano anterior.

Dada a sua elevada resiliência a condições menos favoráveis (em particular à seca, a incêndios, baixa fertilidade e salinidade), esta cultura tem-se tornado cada vez mais relevante para os ecossistemas agroflorestais.

 

Figura: Frutos em diferentes estados de maturação

 

Até há poucos anos, a única finalidade explorada do medronheiro era a produção de aguardente, especialmente na zona sul do país. Porém, nos últimos anos, o estudo cada vez maior da planta e do seu fruto tem aberto portas para outras finalidades e potencialidades.

Para além da produção de aguardente de medronho, destaca-se a sua utilização ornamental. Como referido, dado que a floração ocorre em simultâneo com a frutificação, é possível ter flores e frutos em diferentes estados de maturação, e assim, diferentes colorações ao mesmo tempo. Este aspeto estético, aliadas às reduzidas necessidades hídricas, valeram-lhe a sua utilização como ornamento em variados espaços verdes.

Também no que respeita ao mel, o medronheiro tem a sua importância: através das suas flores produz-se o mel de medronho monofloral. Este mel é muito apreciado pelas suas propriedades organoléticas distintas e, entre outras características, pelo elevado teor antioxidante.

 

Figuras: Flores de medronheiro

 

A capacidade de adaptação do medronheiro é tão elevada que este é capaz de vegetar em áreas degradadas, melhorando as suas propriedades.

A copa do medronheiro é densa e, de forma natural, acontece uma grande libertação de folhas que se depositam à sua volta. Esta camada vegetal aumenta o teor de matéria orgânica no solo que, por sua vez, melhora a sua estrutura, recuperando-o e tornando-o mais fértil.

O medronheiro também é conhecido pela sua notória resiliência a incêndios. Isto, porque, para além de atrasar a progressão dos fogos (que lhe confere um especial interesse no sentido de constituir as espécies utilizadas como corta-fogo), é também uma das primeiras espécies a rebentar novamente após a ocorrência de incêndios, retomando a frutificação cerca de três a quatro anos mais tarde. 

Cada vez mais se estudam as propriedades do fruto e, nomeadamente, o baixo valor calórico e o seu elevado teor em vitamina C e flavonóides, que têm instigado o consumo do medronho em fresco e na forma de polpa. Outras opções têm sido estudadas, tais como a sua incorporação em iogurtes, geleias, gelados, barritas energéticas, entre outros produtos alimentares. A sua utilização na indústria da cosmética e farmacêutica são mais algumas das hipóteses em estudo na imensidade de finalidades que o medronho tem.

 

Figura: Medronho

 

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Autora do artigo:
Susana Moreira (Técnica e Investigadora Agrónoma)

 

Referências:

Oleiros Magazine. 2012. O mel de medronheiro. Disponível em oleirosmagazine.com/oleiros-magazine/novembro-2012/opinião/o-mel-de-medronheiro.aspx.

Oleiros Magazine. 2011. As potencialidades do Medronho. Disponível em http://www.oleirosmagazine.com/oleiros-magazine/outubro-2011/opini%C3%A3o/as-potencialidades-do-medronho.aspx.

AJAP. 2017. Manual Boas Práticas para Culturas Emergentes: A Cultura do Medronho. Disponível em https://culturasemergentes.ajap.pt/wp-content/uploads/2019/01/Manual_Culturas_Emergentes_Medronho_Digital-min.pdf.

Gomes, F. et al. 2019. Medronheiro: Manual de boas práticas para a cultura. Disponível em https://26990148-9cb4-4d56-ac37-73b31cf61923.filesusr.com/ugd/dc7870_15c6ffaa94b74d7d9d2913744a2f6aac.pdf.