A Febre Catarral Ovina (FCO), vulgarmente conhecida como Língua Azul, é uma doença viral que afeta ruminantes, especialmente ovinos, sendo transmitida por insetos do género Culicoides. Esta patologia não é contagiosa entre animais e não representa risco para os seres humanos.
Em 13 de setembro de 2024, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) confirmou a presença do serotipo 3 do vírus da Língua Azul no distrito de Évora, marcando a primeira deteção deste serotipo no país. Desde então, a doença disseminou-se rapidamente, levando a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) a classificar todo o território continental como área afetada.
Até 28 de outubro de 2024, registaram-se 238 explorações ovinas afetadas, com 11.934 animais doentes e 1.775 óbitos. Os distritos mais impactados incluem Évora, Beja, Setúbal e Portalegre.
Sintomas da Doença
Nos ovinos, a FCO manifesta-se frequentemente de forma aguda, apresentando sinais como:
- Febre elevada (até 42ºC);
- Inflamação e úlceras na mucosa oral e nasal;
- Língua inchada e, ocasionalmente, com coloração azulada (cianose);
- Secreção nasal e salivação excessiva;
- Edema em áreas como cabeça e pescoço;
- Claudicação devido a lesões nos cascos;
- Perda de peso significativa;
- Abortos ou malformações fetais.
Figuras: Língua inchada e cianose (Fonte: gauchazh.clicrbs.com.br)
Figura: Claudicação (Fonte: www.peritoanimal.com.br)
Medidas de Controlo e Prevenção
A DGAV implementou várias medidas para conter a propagação da doença:
- Vacinação Obrigatória: Para os serotipos 1 e 4, é obrigatória a vacinação de ovinos e bovinos em determinadas regiões, incluindo o Algarve e partes do Alentejo, Santarém, Setúbal e Castelo Branco.
- Vacinação Voluntária: Para o serotipo 3, a vacinação é atualmente voluntária, mas fortemente recomendada pelas autoridades veterinárias.
- Desinsetização: Controle de insetos vetores através de medidas de desinsetização nas explorações.
- Notificação Obrigatória: Qualquer suspeita ou confirmação da doença deve ser comunicada imediatamente à DGAV.
Impacto Económico
A disseminação da Língua Azul tem causado prejuízos significativos ao setor pecuário português. A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) estima perdas na ordem dos seis milhões de euros, devido à mortalidade animal e restrições comerciais.
A Língua Azul representa um desafio sério para a pecuária nacional.
A implementação rigorosa das medidas de controlo, aliada à colaboração dos produtores e médicos veterinários, é essencial para mitigar os impactos da doença. A vacinação, especialmente contra o serotipo 3, surge como uma ferramenta crucial na proteção dos efetivos e na contenção da propagação do vírus.
