Avaliação sensorial do Azeite | AgroB

Avaliação Sensorial de Azeite Virgem

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A análise sensorial do azeite virgem é uma etapa essencial para a sua classificação comercial e qualitativa. Realizada por provadores treinados, segue metodologias estabelecidas pelo Conselho Oleícola Internacional (COI). Este processo permite detetar defeitos, identificar atributos positivos e garantir a conformidade com as categorias regulamentadas.

O principal objetivo da análise sensorial é avaliar as características organoléticas do azeite – aroma, sabor e sensações retronasais – de forma a:

  • Identificar defeitos como ranço, mofo, borra ou notas avinagradas.
  • Valorizar atributos positivos, como frutado, amargo e picante.

 

Procedimento normalizado de prova

1. Preparação da amostra

  • Verter 15 mL de azeite num copo de vidro azul-escuro (evita interferência visual).
  • Tapar com tampa hermética ou vidro de relógio.
  • Aquecer até cerca de 28 ° C, temperatura ideal para volatilização dos compostos aromáticos.

2. Fase olfativa

  • Agitar ligeiramente o copo, ainda tapado, para libertar os compostos voláteis.
  • Destapar e inalar profundamente, identificando aromas frutados ou defeitos.

3. Fase gustativa

  • Colocar cerca de 3 mL de azeite na boca.
  • Aspirar ar com os lábios entreabertos para espalhar o azeite pela cavidade bucal.
  • Identificar sabores como amargo, doce ou picante e as sensações retronasais.

4. Expulsão e neutralização

  • Cuspir o azeite num recipiente apropriado (não deve ser engolido).
  • Neutralizar o paladar com água ou maçã antes da próxima amostra.

5. Registo sensorial

  • Descrever e registar as sensações percebidas.
  • Utilizar fichas normalizadas, com escalas de intensidade (geralmente de 0 a 10).

 

Preparação da prova de azeites | agroB

Figura: Preparação da prova

 

Exemplo de folhas de prova | AgroB

Figura: Exemplo de folha de prova

 

Atributos positivos avaliados

ATRIBUTODEFINIÇÃO
FrutadoAromas típicos da azeitona fresca, verde ou madura.
AmargoSensação gustativa de azeitonas verdes.
PicantePungência na garganta, associada à presença de polifenóis.

Atributos positivos detetados no azeite | AgroB

 

Principais defeitos a detetar

DEFEITOCAUSA MAIS COMUM
RançoOxidação por armazenamento prolongado ou má conservação.
Mofo-húmidoPresença de fungos devido a azeitonas húmidas.
BorraContacto com lamas de decantação.
Vinho-vinagreFermentações indesejadas (leveduras/bactérias).
TerrosoContaminação com terra ou sujidade.

Atributos negativos detetados no azeite | AgroB

 

Classificação Comercial com base na avaliação sensorial

A classificação do azeite resulta da conjugação da análise sensorial com a análise físico-química:

CATEGORIACONDIÇÕES SENSORIAIS
Virgem ExtraSem defeitos; frutado perceptível.
VirgemDefeitos ligeiros admissíveis; frutado presente.
LampanteDefeitos intensos; impróprio para consumo direto.

Avaliação sensorial do Azeite | AgroB

 

Perfis de frutado: classificação pela intensidade

Segundo o Regulamento de Execução (UE) 2015/1983, a intensidade média do frutado (MD.F) permite descrever o perfil sensorial com maior precisão:

  • Maduro – MD.F < 3
    Frutado suave, típico de azeitonas maduras.
  • Verde suave – MD.F entre 3 e 6
    Aromas verdes equilibrados, intensidade média.
  • Verde intenso – MD.F > 6
    Perfil herbáceo e pronunciado, de elevada intensidade gustativa.

Este sistema é útil na rotulagem e na comunicação ao consumidor, permitindo destacar o estilo sensorial do azeite em termos objetivos

Avaliação sensorial do Azeite | AgroB

 

A análise sensorial do azeite:

  • Garante a conformidade legal e o cumprimento dos padrões de qualidade.
  • Suporta decisões técnicas em controlo de qualidade e certificação.
  • Contribui para o posicionamento competitivo no mercado nacional e internacional.

 

Num setor em constante exigência, dominar estas metodologias é fundamental para profissionais das áreas de tecnologia alimentar, análise laboratorial, produção e comercialização de azeite.

Saiba mais sobre o tema no nosso curso de Tecnologia de Azeites e Azeitonas de Mesa, com o Professor Doutor Nuno Rodrigues, do Instituto Politécnico de Bragança.